Viajar pode enriquecer a alma. A possibilidade de conhecer novos lugares, pessoas e culturas é algo inspirador, que faz o coração bater mais forte a cada nova experiência vivida. A visão de mundo do sujeito se amplia, e este percebe que o mundo é bem maior do que imaginava. Talvez esse seja o sentimento daqueles que olham para além de si mesmos.
Pode ser que exista gente que busca por experiências intensas em suas viagens, mas sem vivenciar experiência alguma. A necessidade de mostrar para pessoas incógnitas o lugar do momento, a selfie do momento, mata qualquer possibilidade de viver onde se está. Busca-se por intensidade, não para ter lembrança ou memória, mas apenas para publicar nas mídias sociais. A consequência disso pode ser vista na degradação do meio ambiente local e no aborrecimento dos moradores do lugar.
Não é errado, ou condenável, tirar fotos e gravar vídeos durante uma viagem. É bom ter essas coisas para relembrar dos dias passados. Porém, é problemático quando inúmeras pessoas enxergam tudo pelo filtro do smartphone e veem apenas a si mesmas. Não há mais contemplação e vontade de conhecer e viver o momento. O que existe é apenas a necessidade da experiência fugaz para impressionar nas redes.
Acredito que tudo deva ser feito com equilíbrio e consciência; deve-se ter bom senso no uso das mídias sociais. No entanto, há certas coisas no nosso caríssimo “espelho negro” que nos seduz para um narcisismo sem fim, onde a sensibilidade com o outro, e com a Natureza, se esvai.