“Você acumulará mais conhecimento e mais livros à medida que for envelhecendo, e as fileiras cada vez maiores de livros não lidos nas estantes vão encarar você com uma expressão ameaçadora. Na verdade, quanto mais você sabe, mais abarrotadas as prateleiras de livros não lidos”
Nassim Taleb, em A Lógica do Cisne Negro, p. 27-28
Quanto mais sabemos, maior a nossa ignorância, maior a nossa percepção do pavoroso desconhecido. No entanto, não devemos ter medo de saber que não sabemos. Talvez devamos dar maior atenção à nossa ignorância do que àquilo que realmente pensamos conhecer. Ora, supostamente, saber a extensão do que não sabemos pode nos dar a possibilidade da prudência, e esta, a chance da humildade que, por fim, nos proporciona a oportunidade da honestidade intelectual. Afinal de contas, conhecer só serve para nos mostrar o quanto desconhecemos.
Porém, há, ao que parece, um paradoxo aqui: saber que não sabemos já é saber alguma coisa. E a coisa fica ainda mais complicada quando nos damos conta de que a percepção de nossa ignorância, esta coisa que deveria nos dar alguma noção de prudência, pode virar fonte de soberba e falsa humildade. A pessoa se torna vaidosa e se acha especial por achar que conhece que desconhece — “a pessoa encontrou a resposta e a razão da vida, olha, como ela é especial e sabida!“. Mas nesse sentido, tal indivíduo desconhece o seu próprio ego, suas próprias vaidades, seus próprios vícios. Pode ser que tal egolatria seja algo comum a todos os seres humanos, sendo em uns, mais acentuado, e em outros, menos. Mas isso não nos dá razão e/ou justificativa para sermos egocêntricos.
Pode ser que conhecer reflete em saber o quanto não sabemos. Isso não deve ser angustiante, mas, como dito anteriormente, deve nos levar a prudência. Os nossos pensamentos sempre serão finitos e infinitamente diminutos diante do grande Mar da Escuridão, que é o Desconhecido.