“Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2ª Pedro, 3.8).
“O que significam 70 milhões de anos para seres que só vivem uma milionésima parte desse tempo? Somos como borboletas que pairam no ar durante um dia e pensam que isso é para sempre” – Carl Sagan1
O que é o momento, ou o que será o instante? Será que podemos definir apenas como um breve período de tempo, ou como um lapso temporal relativamente longo2? E, além disso, como podemos saber a duração do breve e do longo? Ora, às vezes o que é rápido para uns, é lento para outros, e vice-versa. Para nós a vida de um mosquito é curta, mas, talvez, para o inseto, seja longa. Tudo parece ser uma questão de ponto de vista.
Porém, o momento parece ser algo marcado no tempo e no espaço; é algo único e impossível de ser replicado. Mesmo que fosse possível voltar ao passado, o instante vivenciado seria completamente diferente daquele da primeira vez. Tem-se apenas a lembrança daquilo que já foi, e que não será novamente.
Os momentos — únicos — acontecem cada um a sua maneira. Certamente existem coisas lindas que ocorrem em frações de milésimos de segundo que nunca conseguiremos ver, assim como há outras que acontecem em bilhões de anos, que jamais vivenciaremos. A cada criatura é dado o seu momento, o seu tempo. E em cada tempo existem os seus momentos. A abelha vive a sua vida a cada dia, e provavelmente não pensa sobre como é existir por cem anos. Nós, humanos, podemos imaginar como é viver duzentos anos, quem sabe até trezentos. Mas é provável que teríamos problemas em imaginar como é viver por cinquenta milhões de anos. No entanto, mesmo assim, vivemos como se fossemos para sempre, e acho que fazemos isso porque estamos no momento e não no amanhã.
Deus, que tudo sabe, conhece cada momento que há em toda a Existência. Ele sabe dos momentos curtíssimos, assim como daqueles que duram trilhões de anos. Um dia como mil anos é um dia realmente longo, e num período tão demorado assim é possível ver a beleza de cada instante. Mil anos como um dia é algo realmente veloz, mas é apenas nessa velocidade que é possível enxergar coisas únicas, como o florescer e o decair de povos e nações. Deus não está preso ao tempo, porém Ele compreende os momentos de cada criatura sua. A cada dia basta o seu mal, e não devemos nos preocupar com o que será de nós, nos restando apenas buscar o Reino de Deus e a sua justiça (Mateus 6. 33-34).
O passado já foi, e nele estão guardadas todas as lembranças das coisas boas e das coisas tristes. O amanhã não nos pertence, e não devemos prever, aflitivamente, como será o futuro. O que nos cabe é o hoje, o agora, o instante. É no presente que as possibilidades se dão, quer para o que seja bom, quer para o que seja mal. Tudo o que devemos fazer é escolher sabiamente, já que não temos o controle do porvir.
Referências
- SAGAN, Carl. Cosmos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017 ↩︎
- EQUIPE EDITORIAL DE CONCEITO.DE. Momento. 2023. Disponível em: https://conceito.de/momento#:~:text=Momento%20(do%20latim%20momentum)%20%C3%A9,ser%20chamado%20muito%20em%20breve%E2%80%9D. Acesso em: 17 jan. 2025. ↩︎